Por que o refluxo pode voltar?

A importância de seguir corretamente o tratamento indicado pelo seu médico
Quem nunca comeu demais, que atire a primeira pedra! Seja em uma festa entre família e amigos ou uma ocasião especial, em um restaurante, podemos acabar exagerando na comida e, por vezes, no mesmo dia ou no dia seguinte, acabar sentindo aquela queimação. Esses exageros, em especial quando repetidos, podem trazer problemas sérios para sua saúde.
Quando a azia/queimação pode ser sinal de alerta?
A popular azia/queimação é comum. É aquela sensação de queimação que parece surgir no estômago e subir até a garganta. Contudo, se temos esse sintoma com frequência, podemos estar sofrendo da doença do refluxo gastroesofágico.
O que seria a doença do refluxo gastroesofágico?
A doença ocorre basicamente por uma diminuição da pressão do fechamento do chamado esfíncter esofagiano inferior, uma espécie de anel que contrai e fecha a passagem do alimento entre o esôfago e o estômago, para que não possa voltar (1, 2). Com o fechamento incompleto, parte do alimento e o suco gástrico entram em contato com a parede do esôfago, causando uma sensação de queimação e podendo chegar até a garganta e causar um gosto azedo e ácido na boca. Se não tratada, pode se agravar e causar inflamação crônica com formação de “feridas” no esôfago (conhecidas como úlceras). Ao longo de muitos anos, essas úlceras podem aumentar o risco de câncer do esôfago (2).
Como é o tratamento?
É importante você procurar um médico para avaliar o seu caso. O tratamento tem dois pilares: intervenções não medicamentosas e medicamentosas. As intervenções não medicamentosas devem abordar excesso de peso, hábito de fumar, hábito de ingerir bebidas alcoólicas e estresse (3). Assim, a adoção de um estilo de vida mais saudável, sempre procurando limitar a ingestão de alimentos gordurosos, diminuir o uso de cigarro e álcool e adoção de uma rotina de atividades físicas pode auxiliar a pessoa a amenizar os sintomas. Outras recomendações, como elevar a cabeceira da cama e evitar líquido nas refeições, também são válidas (4). Procure fazer refeições mais leves e evite alimentos que podem relaxar o esfíncter do esôfago, como chocolates e alimentos gordurosos à noite. O segundo pilar de tratamento é o medicamentoso. A função dos remédios é de diminuir a produção de ácido pelo estômago, podendo ser associados a outros medicamentos que diminuem o tempo que o alimento fica nele e outros que neutralizam o ácido do suco gástrico, aliviando a a sensação de queimação (2, 4).
Seguindo a recomendação do meu médico, vou melhorar?
Muito provavelmente, sim, mas fique atento aos seus sintomas durante e após o tratamento indicado. Se os sintomas persistirem, piorarem ou retornarem, procure seu médico para uma reavaliação!
Por quanto tempo devo seguir o tratamento médico?
É claro que pode variar de caso a caso. Como regra geral podemos dizer que as medidas não farmacológicas devem seguir para o resto da vida! Sim, acredite, esse seria o ideal. Pois há uma tendência de relaxarmos quando os sintomas desaparecem, não é mesmo? Nesse caso, o nosso “relaxamento” pode reacender o problema! O tratamento medicamentoso poderá ser indicado por um tempo limitado (ex. 8-12 semanas) ou por um período prolongado (ex. alguns anos).Novamente, recomendamos que você converse com seu médico para ver qual é a melhor abordagem para seu caso em particular.
O que eu ganho com o controle da doença?
Além dos nossos parabéns, com a doença sob controle você poderá evitar complicações crônicas do refluxo, algumas delas graves, como o fechamento do esôfago (chamada de estenose esofágica) ou mesmo o câncer de esôfago!
Quais os maiores desafios que vou enfrentar?
Acreditamos que manter o foco e a adesão das medidas não medicamentosas e medicamentosas no longo prazo pode ser muito difícil, em especial quando os sintomas desaparecem com o tratamento inicial. Porém, caso o seu médico indique tratamento continuado, ele tem boas razões para tal! Mantenha o foco e a motivação. Peça ajuda a familiares e amigos e siga em frente com o problema controlado! Tenha em mente que o sucesso do tratamento depende do seu engajamento em seguir as recomendações do seu médico. Caso haja persistência ou os sintomas retornem, procure seu médico para uma reavaliação. Ele poderá indicar a melhor conduta!
Referências
- Minhavida "Veja quais os cuidados na alimentação de quem tem refluxo". Disponível em: https://www.minhavida.com.br/alimentacao/materias/18949-veja-quais-os-cuidados-naalimentacao-de-quem-tem-refluxo. Acessado em: 31/08/2018.
- UpToDate "Patient education: Acid reflux (gastroesophageal reflux disease) in adults (Beyond the Basics)". Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/acid-refluxgastroesophageal-reflux-disease-in-adults-beyond-the-basics. Acessado em: 31/08/2018.
- Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein "Saiba como controlar o refluxo gastroesofágico". Disponível em: https://www.einstein.br/Pages/Noticia.aspx?eid=1146. Acessado em: 31/08/2018.
- Unimed João Pessoa "DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO". Disponível em: http://www.unimedjp.com.br/viver-melhor/artigos-medicos/jose-nonato-fernandesspinelli/doenca-do-refluxo-gastroesofagico/514. Acessado em: 31/08/2018.