Contagem de carboidratos: importância no diabetes
terça-feira, 09 dez 2025
A contagem de carboidratos surgiu como um método inovador para apoiar o tratamento do diabetes, oferecendo mais autonomia e motivação aos pacientes. Além de melhorar a qualidade de vida, essa abordagem trouxe novas possibilidades de escolhas alimentares, especialmente porque, durante muitos anos, a alimentação para pessoas com diabetes era bastante restritiva. Embora esse método exista desde 1935, foi a partir da década de 1990 que ele se tornou mundialmente reconhecido como a melhor estratégia para quem convive com o diabetes do tipo 1.1
Na prática, a contagem de carboidratos permite definir a quantidade de insulina rápida que deve ser aplicada conforme o total de carboidratos ingeridos em cada refeição. Ainda assim, é fundamental destacar que esse método não deve ser dissociado de uma alimentação saudável, com todos os grupos alimentares presentes. Afinal, o plano alimentar precisa atender às necessidades nutricionais de cada pessoa, evitando o consumo excessivo de carboidratos e, consequentemente, o ganho de peso.1
Continue a leitura para entender melhor o que é a contagem de carboidratos, por que ela é tão importante para quem tem diabetes tipo 1, como realizá-la no dia a dia, quais são os principais tipos de carboidratos, os cuidados essenciais e dicas práticas para aplicar esse método de forma segura e eficaz.1
O que é contagem de carboidratos
A contagem de carboidratos é uma estratégia nutricional que oferece à pessoa com diabetes maior flexibilidade em sua alimentação, permitindo ajustes conforme seu estilo de vida. Seu objetivo principal é encontrar o equilíbrio entre a glicemia, a quantidade de carboidratos ingerida e a quantidade de insulina necessária.2
Por que a contagem de carboidratos é importante para quem tem diabetes tipo 1?
O diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é uma doença crônica não transmissível, hereditária, caracterizada pela destruição das células do pâncreas (beta-pancreáticas) responsáveis pela produção e secreção de insulina, o que resulta em uma deficiência na secreção deste hormônio no organismo.3
O pico de incidência do DM1 ocorre em crianças e adolescentes, entre 10 e 14 anos, e, menos comumente, em adultos de qualquer idade, embora o diagnóstico em pessoas adultas também seja recorrente. O tratamento exige o uso diário de insulina para regular os níveis de glicose no sangue, evitando assim complicações da doença.3
Aprender a contar carboidratos permite maior variedade na escolha dos alimentos que fazem parte do plano alimentar e contribui para um controle mais preciso da glicemia.4
Entre os principais grupos alimentares, os carboidratos são os nutrientes que mais rapidamente e em maior quantidade se convertem em glicose. Por isso, ao identificar quais alimentos possuem carboidratos e a quantidade presente em cada um deles, torna-se possível ajustar melhor a glicemia.4
Como fazer a contagem de carboidratos na prática
Para fazer a contagem de carboidratos, é considerada a quantidade em gramas de carboidrato consumida nas refeições, informação essa disponível tanto nas informações nutricionais contidas nos rótulos como nas tabelas de composição dos alimentos.4
Abaixo vamos falar um pouco mais sobre como fazer essa contagem:
Usando rótulos de alimentos
Para que a contagem de carboidratos contribua para um bom controle do diabetes, é importante se acostumar a buscar as informações nos rótulos dos produtos industrializados. Desde 2001, quando a ANVISA tornou obrigatória a rotulagem nutricional, esses dados estão disponíveis aos consumidores.1
Ao analisar o rótulo, é essencial observar o tamanho da porção e a quantidade de carboidratos em gramas, já que essas informações podem não corresponder ao que será realmente consumido. Se houver diferença, será necessário calcular a quantidade adequada.1
Para quem deseja aperfeiçoar o método, o uso de balanças pode ser um diferencial.1
Consultando tabelas e aplicativos
Atualmente, existem aplicativos para celulares destinados às pessoas com diabetes que realizam a contagem de carboidratos. Eles podem facilitar o processo e apoiar quem deseja praticar o método com mais autonomia. Usar a tecnologia a seu favor pode tornar o cálculo mais simples e rápido.1
Com orientação nutricional
A contagem de carboidratos pode ser utilizada por diferentes pessoas com diabetes, mas é especialmente indicada para pacientes com diabetes tipo 1, pois ajuda a calcular com mais precisão a quantidade de insulina necessária antes das refeições. O trabalho em equipe também é essencial para garantir que o paciente consiga implementar o processo corretamente.2
Para que a estratégia tenha plena eficácia, é necessário contar com um manual consistente sobre a informação nutricional dos alimentos. A Sociedade Brasileira de Diabetes lançou, em 2003, o primeiro Manual Oficial de Contagem de Carboidratos, que vem sendo aperfeiçoado desde então, com a ampliação da lista de alimentos para atender às necessidades das pessoas com diabetes.2
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Tipos de carboidratos e como eles afetam o açúcar no sangue
O carboidrato, embora saudável, é o nutriente que tem maior efeito sobre a glicemia, já que a totalidade do que é ingerido transforma-se em glicose.2 Ele pode ser classificado como carboidrato simples, como os mono e dissacarídeos, ou complexo, como os polissacarídeos, conforme o tamanho de sua cadeia de carbonos.5 Entenda melhor:
Carboidratos simples
Os carboidratos simples são provenientes dos açúcares e dos açúcares agregados, como o xarope de milho ou a glicose. Por serem moléculas simples, o corpo os digere rapidamente.6
Entre os alimentos que contêm esse tipo de carboidrato estão:6
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doces,
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sobremesas,
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tortas,
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sucos concentrados,
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refrigerantes,
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arroz branco,
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pães,
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massas.6
O consumo excessivo de alimentos ricos em açúcares e pobres em fibras, como fast food, doces em geral e bebidas açucaradas, pode levar à piora da glicemia, aumento dos lipídios sanguíneos (principalmente triglicerídeos) e ganho de peso.7
Carboidratos complexos
Os carboidratos complexos são formados, em sua maioria, por fibras, que possuem digestão mais difícil para o corpo. Isso contribui para maior sensação de saciedade por mais tempo.6
Entre os alimentos que contêm esse tipo de carboidrato estão:6
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nozes,
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vegetais,
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feijão,
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arroz integral,
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aveia.6
Os carboidratos complexos também ajudam a reduzir o risco de desenvolvimento de problemas cardiovasculares.6
Dicas para o dia a dia
Manter uma boa qualidade de vida envolve uma alimentação adequada e organizada ao longo do dia. Para facilitar a rotina de quem tem diabetes, algumas práticas podem ajudar:
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Varie os alimentos ao longo do dia: nenhum alimento sozinho oferece todos os nutrientes de que o corpo precisa. A alimentação deve ser composta por diferentes grupos alimentares, já que cada um possui nutrientes e funções específicas no organismo.1,4
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Fracione as refeições: distribuir as refeições ao longo do dia contribui para uma alimentação mais equilibrada e ajuda no controle glicêmico.4
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Porcione preparações antes de consumir: dividir receitas prontas em partes iguais facilita o cálculo de carboidratos. Exemplo: ao preparar um bolo, corte-o em fatias iguais, divida o total de carboidratos da receita pelo número de fatias e descubra quanto cada porção contém.1,2
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Conte com a orientação do nutricionista: esse profissional definirá quantas calorias você deve consumir por dia e quanto de carboidrato deve estar presente em cada refeição, de acordo com suas necessidades.2
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Anote o que você come: registrar alimentos e quantidades permite conhecer melhor o consumo de carboidratos, levando em conta o estilo de vida e a prática de atividade física.2
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Monitore a glicemia: medir os níveis de glicose antes das refeições e duas horas depois ajuda a observar o efeito dos alimentos e da medicação na glicemia ao longo do dia.1,2
Cuidados importantes e erros comuns
Alguns pontos merecem atenção no dia a dia para que a contagem de carboidratos funcione de maneira adequada e segura. Veja os principais cuidados:1,2,4
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Não focar apenas no carboidrato: embora ele seja o principal nutriente a impactar a glicemia nas duas primeiras horas após a refeição, proteínas e gorduras também influenciam os níveis de açúcar no sangue tardiamente. As proteínas afetam a resposta glicêmica entre 3 e 4 horas após a ingestão, em 35% a 60%. Já as gorduras impactam cerca de 5 horas depois, em torno de 10%. Por isso, não é recomendado consumir proteínas e gorduras em qualquer quantidade.
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Açúcar pode ser consumido, desde que tenha sua quantidade contabilizada, respeite o limite de até 10% das calorias totais do dia e esteja de acordo com a orientação do seu médico.
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Cuidado com bebidas alcoólicas: ingerir álcool sem alimentos pode causar hipoglicemia em pessoas que usam insulina ou hipoglicemiantes orais. Além disso, o ideal é nunca beber de estômago vazio. Por fim, meça a glicemia antes e depois para observar a resposta do organismo.
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Use medidas caseiras com cuidado: porções descritas nas informações nutricionais são baseadas em medidas caseiras como xícaras, colheres e copos. Porém, esses utensílios podem medir quantidades diferentes dependendo do tipo e da forma de uso. Por isso, é recomendado utilizar medidores padronizados, que garantem porções sempre iguais e facilitam a contagem de carboidratos.
Mantendo o diabetes sob controle
A contagem de carboidratos é a chave do tratamento do DM1 e deve sempre fazer parte de uma alimentação saudável. Esses carboidratos devem vir das frutas, dos vegetais e dos grãos integrais.2 Além disso, lembre-se sempre de buscar o acompanhamento médico para garantir segurança, personalização e melhores resultados no controle glicêmico.
FAQ
Como fazer contagem de carboidratos para pacientes com diabetes?
A contagem é feita somando os gramas de carboidratos presentes em cada alimento consumido na refeição. A pessoa compara esse total com a meta diária orientada pelo profissional de saúde. É importante usar rótulos, tabelas nutricionais ou aplicativos confiáveis para calcular as porções com precisão.1,2,4
Como funciona a contagem de carboidratos?
Ela funciona como uma estratégia para ajustar a alimentação à quantidade de carboidratos ingerida. Quanto mais carboidratos uma refeição contém, maior a tendência de elevação da glicose no sangue. Por isso, identificar e quantificar os carboidratos ajuda a manter a glicemia dentro das metas.1,2,4
Qual a diferença entre carboidratos simples e complexos?
Carboidratos simples têm estrutura menor e são digeridos rapidamente, elevando a glicose mais rápido. Já os complexos possuem cadeias maiores, liberam energia de forma gradual e tendem a provocar elevações mais lentas da glicemia, especialmente quando ricos em fibras.6-7
BR-46940. Este material é de propriedade exclusiva da AstraZeneca Brasil. Material destinado ao público geral. Nov/2025.
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MUTTONI, S. M. P.; MOLZ, C. R.; OLIVEIRA, M. H. S. D.; FULGINITI, C. G. H. Manual de carboidratos. Porto Alegre: ICDRS, 2020. Disponível em: https://icdrs.org.br/wp-content/uploads/2023/04/manual-carboidratos.pdf. Acesso em: 21 nov. 2025.
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ESPAÇO INTEGRAR BH. Manual de contagem de carboidratos para pessoas com diabetes. Disponível em: https://espacointegrarbh.com.br/wp-content/uploads/2021/07/Manual-de-Contagem-de-Carboidratos-para-Pessoas-com-Diabetes.pdf. Acesso em: 21 nov. 2025.
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MINISTÉRIO DA SAÚDE. Diabetes (biabetes mellitus). Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/diabetes. Acesso em: 08 dez. 2025.
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ADJ DIABETES BRASIL. Manual de contagem de carboidratos. Disponível em: https://adj.org.br/wp-content/uploads/2023/04/Manual-e-Contagem-Carbo2.pdf. Acesso em: 21 nov. 2025.
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SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Carboidratos: quem são eles? Disponível em: https://diabetes.org.br/carboidratos-quem-sao-eles/. Acesso em: 21 nov. 2025.
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ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA AO DIABÉTICO. Carboidratos simples versus carboidratos complexos. Disponível em: https://www.anad.org.br/carboidratos-simples-versus-carboidratos-complexos/. Acesso em: 21 nov. 2025.
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SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Carboidratos: o grande combustível do nosso organismo. Disponível em: https://diabetes.org.br/carboidratos-o-grande-combustivel-do-nosso-organismo/. Acesso em: 21 nov. 2025.