Tudo sobre o tratamento da insuficiência cardíaca

A insuficiência cardíaca é uma condição em que o coração perde a capacidade de bombear sangue de forma suficiente para atender às necessidades do organismo.^1,2

Estima-se que essa síndrome afete cerca de 26 milhões de pessoas no mundo, um cenário que tende a crescer em razão do envelhecimento populacional e dos avanços na assistência e no tratamento. No Brasil, aproximadamente dois milhões de indivíduos convivem com a condição, com cerca de 240 mil novos casos registrados anualmente.¹

A seguir, você vai entender melhor como ela afeta o corpo, quais são os objetivos do tratamento e quais cuidados podem fazer diferença no dia a dia. Continue a leitura!

O que é insuficiência cardíaca e como ela afeta o corpo?

A insuficiência cardíaca, também conhecida como IC, acontece devido ao enfraquecimento ou endurecimento do músculo do coração, o que prejudica o bombeamento de sangue. Então, essa incapacidade de ejetar o sangue faz com que o sistema circulatório, e consequentemente, os órgãos (rins, cérebro, fígado e outros), recebam menos oxigênio e nutrientes.

Vale lembrar também que a insuficiência cardíaca não é uma doença isolada, mas sim uma síndrome, formada por sintomas, como falta de ar ou fadiga, que podem surgir acompanhados de outros sinais, como:^2,3

• Inchaço nos tornozelos, pernas ou abdômen;

• Necessidade de dormir com mais travesseiros ou até mesmo sentado;

• Diminuição da quantidade de urina ao longo do dia;

• Extremidades muito frias ou roxas.

O quadro pode se apresentar de forma aguda, quando surge de maneira rápida e grave, exigindo cuidados urgentes, ou como crônica, que é de longa duração e apresenta sintomas que podem aparecer e desaparecer ao longo do tempo.²

Essa condição pode fazer com que o corpo enfrente com alterações, como:

• Diminuição do volume de sangue bombeado pelo coração por batimento;

• Aumento da pressão dentro dos vasos sanguíneos dos pulmões;

• Elevação da resistência vascular periférica.

Quais são os principais objetivos do tratamento da insuficiência cardíaca?

O tratamento da insuficiência cardíaca é definido de acordo com o nível de suporte que o coração necessita para funcionar adequadamente.²

A atuação de uma equipe multidisciplinar, formada por profissionais de saúde de diferentes especialidades, é muito importante para alcançar os principais objetivos do cuidado:^2,3

• Prolongar a vida;

• Evitar internações hospitalares decorrentes do agravamento da insuficiência cardíaca;

• Reduzir os sintomas, promovendo melhor qualidade de vida;

• Melhorar a sua capacidade física e funcional;

• Retornar às atividades sociais.

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Tratamento medicamentoso

O tratamento medicamentoso para insuficiência cardíaca é definido de acordo com o tipo de insuficiência cardíaca identificado nos exames, que pode ser: HFrEF, HFmrEF ou HFpEF.²

Os medicamentos são considerados o primeiro tratamento para todos os tipos de insuficiência cardíaca e devem ser iniciados o mais cedo possível, com ajuste rápido das doses para melhorar sintomas e reduzir o risco de morte ou hospitalização.²

Diuréticos

Os diuréticos, também conhecidos como "comprimidos de água", ajudam o corpo a eliminar excesso de líquidos e sódio.

Geralmente, são recomendados para reduzir a retenção de líquido e diminuir a pressão sobre o coração e seu uso pode ser indicado para pessoas com HFrEF, HFmrEF ou HFpEF, sempre conforme a necessidade de cada paciente e seguindo adequadamente a orientação médica.²

Betabloqueadores

Os betabloqueadores atuam abrandando o batimento cardíaco, reduzindo o esforço do coração e ajudando a protegê-lo, inclusive de ataques cardíacos.

Costumam ser recomendados nas diretrizes de tratamento para pessoas com HFrEF e também podem ser utilizados em pacientes com HFpEF que tenham pressão arterial elevada ou doença arterial coronária. Novamente, é essencial que haja o acompanhamento médico e a orientação individualizada para cada paciente.²

Inibidores da ECA e BRA

Os inibidores da enzima de conversão da angiotensina (ACE-I) relaxam os vasos sanguíneos e diminuem o esforço realizado pelo coração. Já os bloqueadores dos receptores da angiotensina (ARB) podem ser usados em pessoas com HFpEF, especialmente quando há pressão arterial elevada ou doença arterial coronária.²

Além disso, medicamentos como os inibidores de neprilisina do recetor da angiotensina (ARNI) funcionam de forma semelhante aos ACE-I e oferecem efeitos adicionais de proteção do coração.²

Outros medicamentos utilizados

Outros grupos de medicamentos também podem ser indicados conforme o tipo de insuficiência cardíaca e a necessidade clínica:²

• Antagonistas dos recetores mineralocorticóides (MRA): reduzem a acumulação de líquidos e sódio e diminuem a formação de cicatrizes no músculo cardíaco, ajudando a proteger o coração;

• Inibidores do cotransportador de sódio-glicose 2 (SGLT2): auxiliam na eliminação de líquidos e sódio e oferecem proteção ao coração e aos rins. Seu uso é recomendado em pessoas com HFrEF, HFmrEF e HFpEF, pois aumenta a expectativa de vida, evita hospitalizações, reduz sintomas e melhora a qualidade de vida.

Em alguns casos, outros medicamentos podem ser prescritos para ajudar no controle dos sintomas ou na melhora do estado clínico, sempre conforme orientação médica.²

- Veja também: O que é e quais os sintomas de ICFEP?

Mudanças no estilo de vida

Após o diagnóstico, a insuficiência cardíaca costuma ser classificada pelo sistema da New York Heart Association (NYHA), que considera a gravidade dos sintomas e o impacto deles na atividade física. Essa avaliação ajuda a orientar recomendações sobre o que cada pessoa pode ou não realizar no dia a dia.²

A divisão é feita da seguinte forma:²

• Classe I: nenhuma limitação da atividade física. A atividade física normal não provoca sintomas excessivos, por exemplo, falta de ar, fadiga ou palpitações (batimentos cardíacos mais visíveis ou irregulares);

• Classe II: ligeira limitação da atividade física. Confortável em repouso, mas a atividade física normal provoca sintomas excessivos;

• Classe III: limitação significativa da atividade física. Confortável em repouso, mas uma atividade física menos frequente à normal provoca sintomas excessivos;

• Classe IV: Incapacidade de realizar qualquer atividade física sem desconforto. Os sintomas podem estar presentes mesmo em repouso. Se for praticada qualquer atividade física, o desconforto aumenta.

De forma geral, mudanças no estilo de vida podem contribuir para melhorar os sintomas e a própria evolução da doença. A equipe de cuidados de saúde pode ainda encaminhar o paciente para programas de reabilitação, onde é possível aprender mais sobre a condição e sobre como cuidar de si.²

Alimentação equilibrada e controle do peso corporal

Manter uma dieta saudável e o peso corporal adequado faz parte das recomendações de estilo de vida para quem tem insuficiência cardíaca. Essas orientações devem ser acompanhadas pela equipe de cuidados de saúde, que pode indicar ajustes necessários conforme o quadro clínico.²

Prática de atividade física

A prática de exercícios deve seguir a capacidade física do paciente, considerando a classificação NYHA e o nível de sintomas. Atividades físicas planejadas de acordo com essa capacidade podem ajudar no bem-estar geral e, além disso, também é recomendado reduzir hábitos sedentários e organizar viagens e atividades de lazer respeitando os limites do corpo.²

Tratamentos avançados

Algumas pessoas com insuficiência cardíaca podem se beneficiar de tratamentos avançados, que incluem o uso de dispositivos cardíacos e procedimentos cirúrgicos. Esses recursos podem ajudar a melhorar os sintomas, aumentar a qualidade de vida e até prolongar a sobrevivência, dependendo das características individuais e da resposta ao tratamento medicamentoso.²

Dispositivos cardíacos

Os dispositivos médicos oferecem apoio ao coração por meio de sinais elétricos que ajudam a manter um batimento regular e melhorar sua função. Colocados sob a pele, próximos à clavícula, eles podem reduzir sintomas e já demonstraram aumentar a expectativa de vida em pessoas com insuficiência cardíaca. Três tipos principais podem ser recomendados:²

• Pacemaker: monitora a frequência cardíaca e envia pequenos impulsos elétricos ao coração para iniciar cada batimento quando necessário.

• CDI (Cardioversor Desfibrilhador Implantável): semelhante a um pacemaker, mas capaz de fornecer impulsos elétricos ou choques perceptíveis para corrigir ritmos perigosos que podem levar à parada cardíaca súbita.

• TRC-P / TRC-D (Terapia de Ressincronização Cardíaca): um tipo especial de pacemaker que sincroniza as diferentes partes do coração para que bombeiem juntas. Pode ser combinado com CDI (TRC-D).

Cirurgias e transplante de coração

Algumas condições cardíacas que causam insuficiência cardíaca podem exigir cirurgia ou procedimentos por cateter. Confira quais são os procedimentos, o perfil de pacientes a quem se destinam e sua finalidade:²

Procedimento / Cirurgia	A quem se destina?	O que fazem e como
Ablação por cateter	Pessoas com agravamento dos sintomas devido à fibrilação auricular	Restabelece o ritmo cardíaco normal, bloqueando impulsos elétricos adicionais que chegam ao coração
Cirurgia de revascularização do miocárdio	Pessoas com estreitamento das artérias coronárias, sintomas de angina e FEVE =35%	Desvia o sangue das áreas estreitadas das artérias para melhorar o fluxo sanguíneo e o fornecimento de oxigênio
Reparação ou substituição de válvulas	Pessoas com problemas nas válvulas cardíacas, como estenose aórtica	Pode reparar ou substituir a válvula; em estenose aórtica grave, recomenda-se substituição cirúrgica ou por cateter
Procedimentos na válvula mitral	Pessoas com sintomas persistentes apesar da medicação e que podem reduzir hospitalizações	Impede o fluxo sanguíneo anormal entre as câmaras do coração
Suporte circulatório mecânico	Pessoas com insuficiência cardíaca avançada	Dispositivo implantado que assume a função de bombeamento do coração; usado até o transplante ou como tratamento prolongado
Transplante cardíaco	Pessoas com insuficiência cardíaca avançada	Tratamento adequado para um grupo limitado de pacientes

Insuficiência cardíaca tem cura?

Apesar de não ter cura, a insuficiência cardíaca tem tratamentos muito eficazes para o controle dos sinais e sintomas com a combinação de medicamentos e medidas não medicamentosas, como a mudança no estilo de vida.^2,3

Importância do acompanhamento médico

A monitorização regular é fundamental para manter o controle dos sintomas da insuficiência cardíaca. Esse acompanhamento pode ocorrer de diferentes formas, mas sempre com o apoio da equipe multidisciplinar de cuidados de saúde.²

Caso o paciente tenha recebido alta hospitalar recentemente, as consultas devem ser mais frequentes. Normalmente, recomenda-se uma visita 1 a 2 semanas após a alta, a fim de verificar os sintomas e avaliar se a medicação está fazendo o efeito esperado.²

Mesmo quando o estado clínico está estável, o acompanhamento não deve ser interrompido. Dessa forma, o ideal é que, pelo menos a cada 6 meses, sejam verificados aspectos como o ritmo cardíaco, a pressão arterial e a função renal.² A telemonitorização também pode ser uma aliada importante. Através do envio remoto de informações, como sintomas, peso ou pressão arterial, é possível ajustar o tratamento ou receber aconselhamento adicional da equipe de saúde.²

Convivendo com a insuficiência cardíaca

A experiência com a insuficiência cardíaca é diferente para cada pessoa. Assim sendo, mesmo com o uso de dispositivos, tratamentos cirúrgicos e medicação adequados, os sintomas podem agravar-se em determinados momentos.²

Por isso, é essencial contar com uma abordagem de apoio contínuo por parte da sua equipe multidisciplinar. Esse suporte contribui para melhorar a qualidade de vida, ajudando a equilibrar o tratamento médico com o controle dos sintomas. Nesse processo, o bem-estar mental e espiritual também desempenha um papel importante.²

FAQ

BR-46640. Este material é de propriedade exclusiva da AstraZeneca Brasil. Material destinado ao público geral. Nov/2025.

1. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Relatório para a sociedade nº 476: Dispositivo de Assistência Ventricular Esquerda (DAVE) de fluxo contínuo e centrífugo, para pacientes com insuficiência cardíaca avançada do ventrículo esquerdo, inelegíveis ao transplante de coração (terapia de destino). Jun. 2024. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/consultas/relatorios/2024/sociedade/relatorio-para-a-sociedade-476-dave. Acesso em: 14 nov. 2025.

2. EUROPEAN SOCIETY OF CARDIOLOGY (ESC). Orientações de Práticas Clínicas da SEC para a gestão da insuficiência cardíaca crónica e aguda: o que os doentes devem saber. Tradução portuguesa. Atualizado em 2023. Disponível em: https://cdn-endpoint-hfm.azureedge.net/heartfailurematters/2024/04/1167029_ESC_heart_failure_patient_guidelines_Update_Portuguese.pdf. Acesso em: 14 nov. 2025.

3. HCOR - ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE SÍRIA. Orientações para pacientes com Insuficiência Cardíaca. 05 mai. 2023. Disponível em: https://www.hcor.com.br/wp-content/uploads/2024/02/hcor-orientacoes-para-pacientes-com-insuficiencia-cardiaca.pdf. Acesso em: 14 nov. 2025.