Câncer de mama: diagnóstico, estadiamento e subtipos moleculares
terça-feira, 23 ago 2022O diagnóstico de qualquer câncer inicialmente gera medo e muitos questionamentos. Principalmente para o paciente, mas também para todos que o cercam, sejam eles familiares, amigos ou pessoas próximas.
Ter uma rede de apoio é um importante caminho para vencer o câncer. E ela deve estar aliada a um outro fator essencial nessa jornada: o conhecimento, até porque, hoje, já existem avanços tecnológicos que têm permitido a otimização do tratamento do câncer, com maiores chances de sucesso e menos efeitos colaterais ao paciente. Daí a campanha #ConhecerParaVencer.
Para dar o pontapé inicial nos conteúdos dessa iniciativa, neste primeiro momento vamos abordar questões iniciais sobre o câncer de mama: o que é, como se forma, quais os seus estágios e quais são os seus subtipos, conforme o infográfico abaixo.
Entendendo o câncer de mama
A mama é o órgão desenhado para a amamentação. Compõe-se de lobos (glândulas produtoras de leite), ductos (pequenos tubos que transportam o leite dos lobos ao mamilo) e estroma (tecido adiposo e tecido conjuntivo que envolve os ductos e lobos além de vasos sanguíneos e vasos linfáticos). Além da produção de leite, também tem um importante papel na feminilidade e na sexualidade da mulher.
Já o câncer, consiste na proliferação descontrolada de células que eram previamente normais e que têm a capacidade de se espalhar pelo corpo. Esse processo decorre de várias alterações no DNA da célula, chamadas de mutações. No caso do câncer de mama, seu desenvolvimento ocorre devido a alterações genéticas nas células mamárias, que se multiplicam de maneira anormal. Na maioria dos casos, essas alterações começam nas células que revestem os ductos mamários, mas também podem ocorrer nas células que revestem os lobos e, uma pequena porcentagem, se inicia em outros tecidos.
Os tipos moleculares de câncer de mama
Existem pelo menos quatro tipos moleculares de câncer de mama. São eles: Luminal A, Luminal B, HER2 positivo e Triplo-Negativo. Cada tipo apresenta um perfil genético próprio, que está associado a um comportamento biológico específico. Saiba mais abaixo:
- Tumores luminais: Os cânceres de tipo luminal (A e B) se caracterizam pela superexpressão de receptores hormonais (estrógeno e/ou progesterona) e em geral respondem ao tratamento hormonal.
Os receptores hormonais são proteínas localizadas na superfície de cada célula, quando esses estão em grande quantidade nos tumores, os hormônios se ligam a esses receptores e estimulam a multiplicação das células malignas.
No caso dos tumores Luminal A, eles apresentam receptores de estrogênio e/ou progesterona positivos, não apresentam a expressão da proteína HER2 (HER2 negativo) e possuem crescimento mais lento das células.
Já os tumores Luminal B, também possuem receptores estrogênio e/ou progesterona positivos e não expressam a proteína HER2 (HER2 negativo) porém apresentam um nível mais acelerado de proliferação celular.
No câncer de mama, a presença desses receptores hormonais permite opções de tratamento específicas, além da quimioterapia. Esse tipo de tumor também pode ocorrer em pessoas que possuem mutação nos genes BRCA1 e/ou BRCA2.
- Tumores HER-2 positivos: Esses tumores ocorrem quando a proteína conhecida como HER2, localizada na membrana das células, aparece em excesso no tumor, independentemente de ter ou não receptores hormonais. Esse subtipo de câncer de mama pode ser tratado com medicamentos que têm a proteína HER2 como alvo e devem ser avaliadas em conjunto com o médico.
- Tumores triplo negativos: São aqueles que não tem ambos receptores hormonais (estrógeno e progesterona) e nem HER-2 na superfície da célula. Daí o nome triplo negativo. Esse tipo corresponde a 15% de todos os casos e as opções terapêuticas podem incluir quimioterapia e/ou imunoterapia, que devem ser avaliadas em conjunto com o médico. Sua incidência costuma ser maior em mulheres jovens (com menos de 40 anos). Também é mais comum em mulheres que possuem mutação nos genes BRCA1 e/ou BRCA2.
Os genes (BRCA1/BRCA2) são responsáveis por protegerem o corpo do aparecimento de tumores. No entanto, quando sofrem mutação, essa função diminui e as chances de desenvolvimento do câncer aumentam. As mutações nos genes BRCA1/BRCA2 podem ser hereditárias ou acontecerem de forma espontânea nas células tumorais. Por isso, quando uma pessoa da família possui essa mutação, é recomendado um acompanhamento médico anual dos familiares e a realização de testes genéticos. Da totalidade dos casos de câncer de mama hereditários, 5 a 7% são referentes às mutações nos genes BRCA1/BRCA2.
Os estágios do câncer de mama
O estadiamento ou estágios do câncer de mama é uma classificação usada para determinar como que a doença se encontra, por exemplo: localização, se disseminou, e se está afetando as funções de outros órgãos do corpo. Essas definições são feitas após a realização de alguns exames, como os de imagem, por exemplo raio-X, ressonância magnética, tomografia computadorizada juntamente com exames de laboratório e biópsia das células afetadas.
Em geral, o câncer de mama pode ser dividido em 5 principais estágios, de 0 a 4, sendo o zero o mais inicial e os estágios 3 e 4 os mais avançados, conhecidos como câncer de mama localmente avançado e câncer de mama metastático, respectivamente.
Estágio 0 – Câncer de mama in situ
É considerado o câncer de mama em estágio inicial mais precoce. Neste estágio, os tumores são limitados aos ductos mamários. Apesar de poder se apresentar em uma ou em várias partes da mama, por estar dentro do ducto mamário, não entra em contato com os vasos presentes na mama. Ou seja, ele não atinge outros órgãos.
Estágio 1 – Câncer de mama em estágio inicial
Normalmente o câncer ainda se limita à mama e tem menos propensão a atingir outros órgãos. Apresenta tumores pequenos, sem atingir os linfonodos. Com um diagnóstico realizado precocemente, o paciente tende a responder bem ao tratamento.
Estágio 2 – Câncer de mama em estágio inicial
Nesse caso, os tumores são menores ou iguais a 2 cm, com linfonodos comprometidos, ou entre 2 e 5 cm, atingindo ou não os linfonodos, ou ainda tumores maiores do que 5 cm sem atingir os linfonodos.
Estágios avançados do câncer de mama
Ao atingir os estágios 3 e 4, os cânceres de mama já podem ser considerados avançados, mas possuem diferentes características que devem ser conhecidas.
O câncer em estágio 3 é classificado como localmente avançado, o que significa que ele se espalhou para os nódulos linfáticos e/ou outros tecidos da mama, mas não para outros locais do corpo.
Já o câncer em estágio 4 é conhecido como “câncer de mama metastático” ou “câncer de mama avançado”. Nesta fase, o câncer se espalhou para outros locais do corpo, como fígado, pulmões, ossos, cérebro ou outros tecidos.
Faça o download do infográfico aqui e fique informado(a) sobre o câncer de mama.
Importante! Quanto mais inicial for o estadiamento no diagnóstico, maiores são as chances de sucesso no tratamento. Por isso, conheça o seu corpo, faça um acompanhamento médico rotineiramente e cuide da sua saúde!
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Referências
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BUZAID, Antonio C.; MALUF, Fernando C.; GAGLIATO, Debora M. Vencer o câncer de mama. São Paulo: Dendrix, 2020, 256p.
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FEMAMA. Entendendo o câncer de mama em estágio inicial. Disponível em: <https://femama.org.br/site/noticias-recentes/entendendo-o-cancer-de-mama-em-estagio-inicial/#:~:text=Em%20geral%2C%20o%20c%C3%A2ncer%20de,c%C3%A2ncer%20de%20mama%20metast%C3%A1tico%2C%20respectivamente>. Acesso em: 28 jun 2022.
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FEMAMA. Entenda o que é o câncer de mama triplo negativo. Disponível em: <https://femama.org.br/site/noticias-recentes/entenda-o-que-e-o-cancer-de-mama-triplo-negativo/>. Acesso em: 28 jun 2022.
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BR-19387 - Material destinado a pacientes. Ago/2022